Vamos conferir a seguir 10 músicas do rock nacional que seriam “canceladas” na atualidade. Provavelmente, você gosta e conhece pelo menos algumas delas.
Imagina só: muitas das músicas que fizeram sucesso nos anos 80 e 90, aquelas que tocavam nas rádios e animavam festas, hoje talvez não passassem nem perto das playlists. Com a mudança dos tempos, algumas letras que antes eram vistas como provocativas ou engraçadas, agora seriam alvos de críticas e até “canceladas”. Vamos relembrar algumas dessas canções polêmicas do rock brasileiro, que se fossem lançadas hoje, provavelmente iriam agitar as redes – e não de um jeito positivo! rsrs.
10 músicas do rock nacional que seriam canceladas nos dias de hoje:
“Silvia” – Camisa de Vênus
Segundo o vocalista Marcelo Nova, “o Roberto Carlos tem uma música que eu não sei o nome, [ Cama e Mesa ] mas que diz, ‘todo homem que sabe o que quer, sabe dar e querer da mulher…’ Eu tomei emprestado e virou, ‘todo homem que sabe o que quer, pega o pau para bater na mulher.’ Isso nos dias de hoje, chega a ser uma iconoclastia. Como se elas não soubessem que tipo de pau nós estamos falando. E digo mais, nos shows, são elas que mais gritam, e mais pedem para tocar Silvia. Essa época que nós estamos vivendo é muito hipócrita. Estamos vivendo uma época de hipocrisia plena e profunda. É tenebroso.”
“Robocop Gay” – Mamonas Assassinas
De acordo com o músico e YouTuber Júlio Ettore, estudioso e aficionado pelo rock dos anos oitenta, “os Mamonas Assassinas surgiram com esta música. Não era nada mais que uma brincadeira para animar um comício de um candidato a Deputado estadual em 1994, na cidade de Guarulhos e, no começo, se chamava ‘Demerval, o Machão’. O vocalista Dinho gravou esta música de primeira, rebolando com uma cueca na mão, dentro do estúdio. Naquele momento, todo sabia que aquilo seria um grande sucesso e até hoje, é uma de suas músicas mais tocadas.” No entanto, é vista como uma canção preconceituosa.
“Rock das Aranhas” – Raul Seixas
A canção chegou a ser proibida de ser tocada na época, e Raul Seixas alegou ser vítima de censura moral: “É censura moral, bicho. O Rock das Aranhas são duas aranhas, quer dizer, tomada com tomada. Dá algum curto circuito? Tomada com tomada não dá nada. Plugue com plugue também não dá nada. O mundo foi feito com tomada no plugue, tomada com plugue, aí dá uma sequência ao que Deus mandou a gente fazer, por que essas duas não dão contato. Então o Rock das Aranhas é uma homenagem ao não contato das coisas.”
“Esporrei na Manivela” – Raimundos
Essa música gerou polêmica por seu conteúdo explícito e letra de cunho sexual escrachada, com linguagem vulgar e metáforas que podem ser consideradas ofensivas. Na época, o estilo provocador da banda era parte de sua identidade, e essa música exemplificava o humor ácido e debochado que marcou o Raimundos. No entanto, em um contexto atual, a música poderia ser ainda mais criticada, especialmente por questões relacionadas ao respeito e à representação das relações sexuais. A Lei de Importunação Sexual que conhecemos hoje, surgiu por conta da polêmica em torno da desta música.
“Miss Lexotan 6mg Garota” – Júpiter Maçã
“Miss Lexotan 6mg”, do Júpiter Maçã, é uma música que, hoje em dia, poderia gerar controvérsia por sua abordagem sobre o uso de medicamentos e a saúde mental de maneira quase glamorizada. A letra fala sobre uma personagem que usa Lexotan, um ansiolítico, de forma relaxada, o que poderia ser interpretado como uma banalização do uso de remédios controlados. Sendo assim, nesses tempos onde a conscientização sobre saúde mental e abuso de substâncias é muito mais discutida, essa leveza com que o tema é tratado poderia ser vista como irresponsável.
“Me Lambe” – Raimundos
A música “Me Lambe” dos Raimundos gera polêmica por conta de sua letra sexualmente explícita e objetificadora. Na época, o humor escrachado da banda era visto como parte de sua identidade, mas em um contexto atual, canções como essa seriam duramente criticadas, ainda mais por que a personagem da canção é uma menor de 17 anos. Temas como sexualidade tratados dessa forma são vistos como ofensivos nos dias atuais.
“Eu Gosto de Mulher” – Ultraje a Rigor
A música trata da mulher de maneira superficial e objetificada, focando em aspectos físicos e reforçando estereótipos. Em pleno 2024, iria causar um estardalhaço! Seria considerada machista e desrespeitosa. O humor sarcástico e despreocupado, típico da banda, poderia ser mal recebido por uma parcela do público que busca uma representação mais equilibrada e consciente nas artes. Aliás, o Ultraje a Rigor é uma das bandas que está sempre na mira dos “canceladores”.
“Bete Morreu” – Camisa de Vênus
E olha quem aparece pela segunda vez por aqui, o Camisa de Vênus. A letra irreverente e sarcástica sobre a morte de uma jovem, seria vista como insensível ou até desrespeitosa. A música apresenta um tom cínico ao narrar a morte de “Bete” e as reações dos personagens da história, algo que pode chocar uma audiência mais consciente das questões de violência contra a mulher, luto e respeito. Além disso, sua abordagem irônica poderia ser mal interpretada sensibilidade pela galera do feminismo e direitos humanos.
“Pobre Paulista” – Ira!
O guitarrista do ira!, Edgard Scandurra, comentou: “‘Pobre Paulista’ foi o maior equívoco que eu cometi na minha vida. Eu acho que eu quis ser mais punk do que eu podia ser realmente.
Eu tinha uma noção do punk assim, ‘o punk é feito para chocar as pessoas’. A a gente estava numa ditadura, então eu era tão ingênuo, que eu usei para falar dos meus professores da escola, para falar dos meus pais, eu usei uma metáfora que atingia muito mais gente além desse meu mundinho estudantil. Mas eu estava falando de gente da minha terra, de gente do meu sangue, não quero ver mais gente feia, não quero ver mais ignorantes’. Isso aí abriu espaço para uma interpretação preconceituosa da letra, e era uma coisa metafórica, eu estava usando metáforas, para falar de pessoas que não dava para falar diretamente, e para atingir essas pessoas eu usei uma metáfora que falava de coisas muito mais sérias, muito mais agressivas.”
Depois que a canção passou a ser percebida como uma música xenófoba, a banda simplesmente parou de tocá-la, pois, começaram a ser hostilizados pelo público nos shows ao vivo. Portanto, a banda não toca mais o hit desde 1996. Ainda assim, muita gente nos shows em São Paulo, pede para a banda tocar “Pobre Paulista”, segundo Edgard.
“Estupro com Carinho” – Os Cascavelletes
Por fim, a canção dos Cascavelletes seria cancelada com toda a certeza hoje em dia por abordar um tema extremamente sensível de forma polêmica. A letra mistura um assunto sério como o estupro com um tom de ironia, algo que seria considerado de mau gosto e completamente inaceitável na atualidade, onde questões sobre consentimento, violência sexual e respeito às vítimas são muito discutidas. Porém, o tipo de humor provocador que a banda utilizava nos anos 80 não se encaixaria no contexto atual. Por isso, ela ganha o 1° lugar nessa lista! Sem dúvida, envelheceu mal pra caramba!
A canção não está no disponível no Spotify, mas pode ser facilmente encontrada no Youtube.
E então, o que você achou da nossa lista? Apesar de várias delas serem clássicos do rock nacional, chocariam as pessoas em pleno 2024. Quais outras músicas seriam canceladas hoje em dia, na sua opinião? Enfim, deixe o seu comentário.