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Clemente Tadeu defende Greta Van Fleet: “que bom que parece o Led Zeppelin, né? Porque Led Zeppelin já acabou, Deep Purple está indo para o túmulo e até nós estamos velhos”

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Clemente Tadeu (Inocentes e Plebe Rude), participou de um novo episódio do podcast Hey Folks, e discutiu os primórdios do movimento punk rock no Brasil, a sua marginalização e o manifesto do movimento punk que ele escreveu. Acompanhe o trecho a seguir:

“Estávamos gravando na Avenida Antônio Munhoz Bonilha, onde praticamente nasceu a turma da Vila Carolina, a famosa Carolina Punk é por causa da Vila Carolina. Começamos em 77, 78 quando surgiu o punk, e a primeira banda é o Restos de Nada, que nasceu na Vila Palmeira, e é lá de 78. Depois passei pelos Condutores e Cadáveres em 79, até chegar nos Inocentes. Quando a gente grava o Grito Suburbano, o jornalista Antônio Bivar nos descobre por causa de uma matéria no estadão chamada ‘Geração Abandonada’, do jornalista Luiz Fernando Emediato, que falava das tribos urbanas, dos hippies, e falava que os punks tomavam leite com limão para vomitar [risos] e assaltavam velhinhas no metrô…

Quando vimos aquela matéria, a gente já estava se comunicando com bandas do mundo inteiro, banda punk da Finlândia, banda punk da Polônia e, quando lemos aquela matéria, a gente disse: ‘Mano, esse cara é um idiota’. Então a gente se reuniu na Punk Rock Discos com um monte de bandas e eu escrevi uma carta-resposta para o Estadão. Aí aquela carta saiu e começou aparecer gente procurando, e o disco também começou a aparecer em alguns lugares e descobriram que tinha o punk no Brasil.

O Bivar tinha acabado de voltar de Londres, ele tinha ido fazer uma matéria e falou que lá estava cheio de punks, que vivia com os punks em Londres e, quando ele viu que tinha aqui, ele virou nosso amigo. E foi ele que falou para mim: ‘Clemente, todo movimento tem um manifesto’. Eu falei: ‘Ok. Vamos escrever um manifesto’. E eu escrevi o manifesto na casa do Bivar.”

Sobre a marginalização do movimento punk, Clemente relembra:

“O punk vivia realmente à margem da sociedade. Por exemplo, a gente não frequentava o circuito cultural oficial da cidade, tocar no Sesc, nos teatros… Não. A gente tocava em sociedade de amigos de bairro, alugava salão de rock, levava o equipamento e fazia os shows. Era uma coisa completamente alternativa, a gente que produzia os nossos próprios discos.

“A gente se correspondia com a Europa inteira e ninguém sabia que essas excursões que as bandas punks fizeram depois, nasceram ali. Quando fomos para a Finlândia em 2019, tinha um day-off, porque no outro dia não ia ter show, um finlandês chegou em mim e disse: ‘Eu vou te pagar essa rodada. Eu faço questão, porque da década de oitenta só faltava vocês para eu ver’. Ele tinha visto o Olho Seco, o Ratos, o Cólera, e faltava o inocentes, porque o Inocentes foi a última a ir. Mas esses contatos eram lá de trás, porque todo disco punk tinha caixa-postal. Você escrevia e os caras respondiam, porque todo mundo era independente. E ficou essa movimentação mundial.”

Clemente acrescentou:

“Essa primeira geração punk, The Clash, Ramones e tal, eles chegaram às grandes gravadoras. O punk estava nas paradas musicais e tocava na rádio. A segunda geração que é a contemporânea à gente, 81, 82, que é Exploited, os moicanos, né? É outra geração, não é a mesma dos Sex Pistols. São duas gerações diferentes.

E aí chega Discharge, Dead Kennedys, e então vem o hardcore… Por que não existia hardcore, existia só o punk. E o punk e a new wave são muito próximos, é a mesma coisa. Só que a new wave é uma adocicação do punk [risos].

Mas aí chega o hardcore que é uma radicalização, porque a new wave estava virando moda, então dissemos: ‘Não queremos ficar parecidos com isso que está tocando na rádio [risos]. Aí veio o hardcore, Black Flag, Minor Threat, que todo mundo já identifica como punk, mas são gerações diferentes.

Como a geração da Epitaph depois, Bad Religion, NOFX, Rancid… É outra geração, e são distintas. Por exemplo, essa geração do Bad Religion, do Offspring, ela vendeu disco pra caralho, virou sucesso. O Green Day entrou no mainstream. Eu ouço Green Day e eles fazem aquele punk que a gente ouvia em 77, entendeu? Que era mais pop mesmo. Ele tem uma coisa mais pop, o próprio The Clash tem uma pegada mais pop. As pessoas dizem: ‘Ah, o Green Day não é punk’. É. Mas é aquele punk do começo, ele não é hardcore.

É que são várias gerações e às vezes você pega um estilo que tem 50 anos, então são vários momentos diferentes, e as pessoas misturam tudo como se fosse tudo a mesma coisa.”

Clemente também discutiu a evolução do hardcore para o emo:

“O emo é a abreviação de ‘Emotional Hardcore’. Para mim, não é hardcore, mas para outra geração é hardcore. Para mim hardcore não é só tocar rápido, hardcore é o posicionamento, é a atitude. Mas essas coisas vão se diluíndo, vão se misturando, vão pegando outro sentido. Hardcore melódico = emo.

Mas o emo foi um dos últimos movimentos autênticos do rock, porque era de verdade. E o emo começou no Hangar, começou com aquelas bandas, o Dance of Days, o próprio NX Zero lotava o hangar antes de chegar nas gravadoras. É que quando uma coisa faz sucesso, começa a diluir porque todo mundo quer ser aquilo. Isso que eu falo que é a diluição, porque vem os caras que não são da cena de verdade, mas querem surfar aquela onda.”

O músico elogiou o trabalho da banda Greta Van Fleet, que é muito criticada pelos fãs de rock mais tradicionais por se “parecer” demais com o Led Zeppelin.

“Aquele Greta Van Fleet, eles soam anos 70, mas tem um frescor ali. Mas tem que saber dosar, tem que saber recriar um estilo. Mas tem uma coisa, que rockeiro é muito chato: ‘Ah eu não gosto do Greta Van Fleet porque parece o Led Zeppelin’. Pô, que legal, né? Por que o led Zeppelin já acabou, O Deep Purple já está caminhando para o túmulo, e até nós estamos velhos já.”

Confira a entrevista completa:

.”

Flávia Reishttps://www.begeeker.com.br/
Conteúdo feito com amor e carinho para pessoas que assim como eu, apaixonadas pelo universo geek e tem orgulho de ser geeker!

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