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Crypta: “apesar do conservadorismo forte na cena, ainda existe uma veia progressista que um dia foi a base do metal”, diz Fernanda Lira

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Durante uma nova entrevista ao Metalks, a vocalista, fundadora e baixista da banda Crypta, Fernanda Lira, discutiu as questões que envolvem bandas formadas apenas mulheres ou lideradas por mulheres na atualidade.

Fernanda, que se diz assumidamente feminista, falou sobre a importância da união das mulheres no metal, e sobre como, inicialmente, termos como “female death metal” ou “female fronted death metal”, a incomodavam. Além disso, a vocalista da Crypta, abordou as dificuldades que as bandas formadas por mulheres ainda enfrentam nos dias de hoje, e citou alguns exemplos.

“Quanto ao lance de ser mulher, é uma bandeira que eu carrego com muito orgulho, né? Muito orgulho. Eu sou feminista, assumidamente feminista, e eu consigo hoje ver a importância de não só da Crypta mas de todas, da própria Nervosa, de várias outras mulheres que estão aí tocando em bandas, né? Eu entendo a importância que existe nisso por que muita gente me pegunta: ‘mas você se incomoda com o fato de as pessoas enfatizarem que são quatro mulheres tocando?’, né? Sempre trazer esse label de ‘female death metal’, ‘female fronted death metal’, antes eu me incomodava com isso, né? Antes era uma coisa que tipo, ‘não somos todos iguais’, mas a verdade é que não somos, né? Ainda falta uma caminhada ali, então hoje eu tenho muito orgulho, né? E é um ‘label’, uma classificação que eu carrego com muito orgulho, é uma bandeira que eu carrego muito orgulho, por que só nós mulheres dentro metal sabemos as dores e os prezares de ser uma banda só de mulher dentro do metal. Não é fácil. A gente luta batalhas muito específicas por sermos mulheres no metal.”

Fernanda Lira prosseguiu dizendo:

“Banda só de mina, eu levanto essa bandeira hoje por que eu sei que ser uma banda só de mina, pra chegar ali, temos que passar por coisas muito específicas que só bandas de minas passam, como por exemplo, ser bloqueada de entrar no próprio camarim, que acontece pelo menos uma vez por tour, por que acham que a gente é groupie, não está com a banda, não é a banda, tem que abrir o Google e mostrar ‘olha, sou eu’. uma vez por turnê isso acontece”

Além disso, Fernanda falou sobre como lida com o preconceito dentro do metal e se houve alguma coisa evolução com relação ao tratamento dado às mulheres na cena:

“Melhorou muito. Eu tenho muito orgulho da cena metal, por que apesar do conservadorismo que anda muito forte na cena, a gente ainda tem uma veia progressista, que era a base do metal, um dia foi… e que essa veia progressista tem entendido que tá tudo bem mulher tocar metal, né? Então as coisas melhoraram muito, a cena tá cada vez mais aberta, mais mulheres ocupando espaços, não só em cima dos palcos, mas nos podcasts, na produção, na imprensa, no público, na parte técnica, então a mulherada está ocupando esses espaços. E eu te digo que eu comecei com a Nervosa em 2011, e não era assim, já tinha um avanço por conta das que lutaram antes de nós, né?, as valhalla e tudo o mais, mas ainda era muito mais restrito, muito mais rígido, hoje já está bem melhor, né? A gente foi aos trancos e barrancos ali, abrindo o caminho.”

Fernanda acrescentou:

“No começo eu ouvia muito tipo que a gente conseguia show por que a gente dava pra produtor, e esse tipo de coisa, eu ouvi muito, muito. E coisas como tipo ‘elas só são modelos’ e tipo aquelas bandas que por trás assim é uma outra banda toca? Eu falei, ‘pô, tão me achando modelo é por que tá bonito ainda na foto, massa’. Esse tipo de coisa, que a gente não gravava os próprios discos, os produtores que gravavam, tudo quanto é coisa pra tentar descreditar a gente acontecia. E aquela sensação de subir no palco e ter que provar. Era muito ruim, eu sempre me senti muito julgada assim, de você entrar num lugar e as pessoas estão tipo, ‘deixa eu ver qual é que é’, e você ter que provar. Tendo um insight agora, talvez por isso eu tenha essa postura de palco bastante agressiva, que é pra tipo ‘ah você tá duvidando? então deixa eu mostrar pra você que eu sou louca’.

Depois de um tempo as pessoas aceitaram, rolou o famoso aceita que dói menos, a nervosa veio pra ficar e vai ficar.

E depois as coisas foram ficando mais sutis, tipo, então essa coisa de tipo proibir de entrar no próprio camarim, a pessoa que vai tirar foto e toca no peito, toca na bunda, e você tem que falar ‘amigão, porra, se fosse o kerry king, tua ia fazer isso?, tu não ia fazer isso, então não faz comigo também. então tem isso, né?”

Assista a entrevista completa abaixo:

Flávia Reishttps://www.begeeker.com.br/
Conteúdo feito com amor e carinho para pessoas que assim como eu, apaixonadas pelo universo geek e tem orgulho de ser geeker!

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