O vocalista do Ira!, Nasi, se manifestou a respeito dos cancelamentos de shows da banda na região Sul e, acusou os fãs que vaiaram a banda em Belo Horizonte de serem “fascistas”. Nasi recebeu vaias após ter gritado “sem anistia” ao microfone. Ele reagiu pedindo aos fãs que o vaiaram que fossem embora e não consumissem mais a música nem os discos da banda. Segundo o cantor, o Ira! sofreu um ataque coordenado nas redes e atribuiu esse ataque ao chamado “gabinete do ódio. Nasi contou a sua versão dos fatos em Belo Horizonte e afirmou que “não expulsou ninguém. Ele também deixou a claro que a banda tem um posicionamento (progressista).
O roqueiro também reconhece que o público tem o direito de vaiar, assim ele também o direito de comentar as vaiados dos fãs. Ele reforçou seu posicionamento contra a anistia (envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023) e contra a ditadura. Nasi também citou a banda Ultraje a Rigor e o cantor Gusttavo Lima, considerados ídolo da extrema-direita.
Acompanhe o trecho a seguir da entrevista de Nasi com Yuri da BS da Billboard Brasil:
“Esses shows foram cancelados em comum acordo com o contratante. Fizemos com muita tranquilidade. A gente achou, por ora, transferir para o futuro. Porque houve um bombardeiro desses fascistas. Porque eles agem de maneira fascista. É engraçado porque até o contratante falou que recebeu mensagens de pessoas de Manaus, algo como “ah, eu não vou no show.” (risos)
O cara nem ia no show! Esses caras que estão enchendo o saco aí, robozinho… Todo mundo sabe como o gabinete do ódio age, né? Daqui a pouco eles eles pegam outro para Cristo. Numa boa, o Ira! saiu maior do que entrou nessa história.
Eles [os bolsonaristas] fizeram um recorte. Um recorte que não dá exatamente a noção da realidade. Eu vou te dizer o que aconteceu, claro, segundo a minha versão. Eu estava no show, tranquilo. Em um determinado momento do show, o público, a maioria, começou a entoar “Sem anistia!” [o brado refere-se a tentativa da extrema-direita de adquirir perdão para os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023].
Inclusive, foi engraçado porque foi no meio de “Rubro Zorro” [canção lançada em 1988, no álbum “Psicoacustica”]. E era eu cantando “O caminho do crime o atrai” e o público gritando “Sem anistia!”. Ficou perfeito, né? Acabou a música, eu realmente dei apoio. Falei: “É isso aí! Sem anistia!”. Aí, eu comecei a ser hostilizado por um grupinho —que teve o seu direito de dar opinião, que é a favor da anistia, e eu também tive o meu direito de comentar a vaia deles.
Eu nem entrei muito no aspecto político, né, Yuri, porque essa anistia é uma farsa, entendeu? Isso é um acinte à democracia. Mesmo porque as pessoas não prestaram atenção, esses bobalhões aí, os cínicos, essa direita e essa extrema direita —é bom que se fale isso… Não existe no projeto de lei da anistia o 8 de janeiro. O que existe é o 30 de outubro que, por coincidência, é a data que a Polícia Federal estabeleceu como início das atividades da organização criminosa. E as pessoas ficam nessa de “coitadinha do batom” —que é a aquela mesma que deixou filhos em casa para ir para acampamento golpista.
A discussão deveria ser: “vamos tentar ver a questão com isometria”. Mas impunidade para os golpistas? Para planos de assassinato? A gente estaria em uma ditadura. É muito sério isso. A maioria da população brasileira já mostrou que é contra a anistia.”
Ele acrescentou:
“Eu, talvez, tenha exagerado, e não tenha sido claro quando eu falei. Eu não expulsei ninguém. Primeira coisa, eu não falei: “Saiam daqui agora”. Eu não mandei nada. Eu falei assim: “Olha, vocês não conhecem a história do Ira, não conhecem as letras do Ira!”.
O Ira! é uma banda progressista. Nós somos democráticos. Nós passamos pela ditadura. O que eu quis dizer é o seguinte: eu não quero ter público fascista. Agora, se o público fascista, de extrema-direita, quer consumir minha música, o que eu posso fazer? Posso fazer nada. Não é do meu agrado, sabe? Eu não quero. Tem outras bandas. Vão curtir Ultraje a Rigor. Eu tenho 50 shows até o final do ano. O Ultraje tem seis. Por que eles não vão encher o saco dos contratantes para contratar esses porras?
Lamento. Mas, repito para você, eu e o Ira! saimos maior do que entramos. Eu tive o trabalho de mensurar todas as mensagens que recebi e 80% me apoiavam. Os outros eram emoji de coco, “comunista lixo”… Eles pensam que me afetam. Você conhece uma pessoa não pelos amigos que ela tem, mas pelos inimigos. Então, se essa gente é minha inimiga, do Ira!, eu me sinto satisfeito.
Meu Instagram cresceu 10% —e bloqueamos muita gente.”
Saiba tudo o que foi dito nessa entrevista: https://billboard.com.br/nasi-do-ira-as-pessoas-da-minha-idade-nao-estao-envelhecendo-bem/
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