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Inocentes: “apanhei na rua. Minha própria gangue me pegou. De repente eu era o traidor do movimento”, diz Clemente

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Durante uma participação no podcast Music Thunder Vision, Clemente Tadeu (Plebe Rude, Inocentes), respondeu a uma pergunta de um internauta que dizia:

“Clemente, ouvi algumas vezes uma história de que o The Exploited era meio nazi no início. Você conheceu os caras? Acha que essa história procede ou é lenda?”. Além disso, Clemente contou que os Inocentes também já foram os “traidores do movimento”.

Veja a resposta de Clemente:

“Não, né mano? Por que assim, o Exploited tocava com os skinheads, tinha os Oi! e os National Front, e as pessoas confundem tudo. Tanto é que se propaga mais que skinhead é de direita, do que o skinhead tradicional, que ouve ska, que é de esquerda… Os Oi! É que Oi! é o grito deles, tanto faz se é de direita.

Tem um filme que é muito legal, e se chama ‘This is England’ que conta bm a história em 1983, quando começa essa divisão do movimento skinhead, porque eles são cooptados pelo National Front, porque tem desemprego e bla blá blá na Inglaterra, os skinheads eram mais da periferia, classe trabalhadora, sem uma base ideológica forte e aí eles eram cooptados. E começou a criar essa…

E aí teve aquel show do The Clash, Rock Against The Racism, que é por causa desse crescimento do National Front. Mas se você reparar hoje em dia tem punk de direita [risos]. Eles foram cooptados. Porque assim, todo mundo pensa: ‘Nossa, o cara é punk, ele tem uma supercultura, ele leu 300 livros…’. Não. Ele só gosta do som. O cara pôr um visual e gostar da música… É isso que as pessoas são.

As letras falam: ‘Olha, vamos mudar não sei o que…’, não é que as letras são políticas, a gente que viaja que todas as letras são políticas, é só traduzir [risos].

E a geração que é política é essa segunda, depois a coisa vai mudando, mas se fala de qualquer coisa, a abordagem que é mais rude. Mas se fala de amor, se fala de tudo.”

Clemente acrescentou em seguida:

“E essa coisa do punk no começo usar símbolo nazista era meio para zoar. Só que quando as pessoas começam a levar isso a sério, o Dead Kennedys escreve ‘Nazi Punks Fuck Off’… Então, tem muita coisa que começa despretensiosa e depois vira uma coisa séria [risos].

Ou as pessoas começam a entender o significado das coisas, por exemplo, tem um documentário chamado American Hardcore, que mostra os caras falando, o Henry Rollins [ex-vocalista do Black Flag], ‘Mano, um dia a gente tomou um puta esfrega dos caras do Bad Brains’, porque os caras do Bad Brains eram mais velhos e eles chegavam nos caras e falavam, ‘Mano, você não pode levantar uma bandeira e no outro dia você está fazendo tudo ao contrário do que você falou no palco’ [risos]. Ian MacKaye do Minor Threat, também, ‘Pô, os caras chegaram e deram uma comida na gente porque a gente tem que manter o posicionamento.’

Então as pessoas vão aprendendo, amadurecendo. Elas não nascem prontas. Movimento punk era zona, tinha gente que só queria beber, encher a cara, tinha gente só queria brigar, tinha gente que queria ouvir música… Tinha de tudo.

Questionado se chegou a ser cobrado por assinar com gravadora, Clemente disse:

“Sim. Encheram o saco. Apanhei na rua na saída do Madame Satã. Minha própria gangue me pegou, fui parar no hospital [risos].

Mas fazia parte, porque você é uma banda DAQUELA turma, era NOSSA banda… E agora todo mundo ouve aquela banda. Eu lembro um dia que eu entrei no Cais, e começou tocar Smells Like Teen Spirit, tinha acabado de lançar… O salão inteiro, ‘Wuuoooooooow’, pulando. Deu seis meses essa música estava em primeiro lugar, aí você chegava para qualquer um que estava lá naquele dia e perguntava, ‘Você gosta de Nirvana?’. ‘Eu não.’ [risos].

Né? porque como é que eu ia gostar da mesma banda que qualquer pateta que andava na rua gostava, ‘Você gosta de rock? Que banda você gosta?’, ‘Nirvana’.

Não, né, mano? Eu sou o maior cara inteirado do rock and roll, não posso gostar… [risos].

Então o Inocentes que era aquela banda daquela galera, de repente é o traidor do movimento.”

Assista na íntegra:

Flávia Reishttps://www.begeeker.com.br/
Conteúdo feito com amor e carinho para pessoas que assim como eu, apaixonadas pelo universo geek e tem orgulho de ser geeker!

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