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Membros de famosa banda de Emocore criticam matéria do Fantástico que estereotipou os emos, “Foi muito caricata. Muitas bandas não se identificavam com aquelas coisas”

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O vocalista Lucas Silveira e o guitarrista Gustavo “Vavo” Mantovani, ambos da banda de Emocore Fresno, participaram de um novo episódio do Staling Cast apresentado por Mateus Starling, e refletiram sobre a ascensão do EMO (Emotional Hardcore) no Brasil, que explodiu no Brasil no início dos anos 2000, influenciado por bandas como My Chemical Romance, The Used, Thursday, Fall Out Boy, entre outras.

Os emos eram estereotipados pela mídia como os caras de franjinha, que usavam lápis de olho, roupas esquisitas, problemáticos, deprimidos, temperamentais, homossexuais, melancólicos, entre outras coisas. Quando principalmente os roqueiros mais “raiz” falavam dos emos, era sempre em tom pejorativo. Falando sobre o preconceito e as zoeiras que existiam em torno do emo, Lucas Silveira declarou:

“Dentro do Rock, ou dentro de qualquer cultura vai ter subculturas que se você tirar aquilo ali da bolha daquela cultura, é uma coisa avassaladora. Eu lembro quando teve uma matéria sobre Marilyn Manson no Fantástico, e a gente ouvia, achava legal as músicas, mas quando rolou aquela matéria, ‘Cara, isso é banda de assassino!’ [risos]. Acabou. Cara, tu mostra o Marilyn Manson que é uma figura controversa ao extremo e que hoje depois de velho se mostrou controversa mesmo, mas na época era só uma coisa para chocar. Só que mostrou para umas avós católicas, ‘Meu Deus, esse homem que absurdo!’ [risos]

Com o emo aconteceu a mesma coisa. Eu acho que era uma subcultura dentro do Rock, principalmente dentro do Punk Rock, do Hardcore, e que em algum momento isso recebeu uma exposição muito grande porque dentro das músicas produzidas dentro dessa cena, era talvez uma coisa que tinha muita possibilidade de virar um negócio mil vezes maior, tipo assim, de fato furar a bolha e ir para o mainstream, assim como o Rock brasileiro dos anos 80 teve esse momento, talvez quando as bandas eram super progressivas e tal, não conseguiam atravessar tanto para o mainstream, as bandas brasileiras. Mas quando ficou aquele bagulho meio simples, meio cantor, compositor, a geração do Legião, o bagulho estourou porque não tinha mais uma barreira.

Com o emo eu acredito muito que foi isso, e a partir do momento que você vira uma coisa meio grande, você você também vira um alvo muito grande… Sem a maturidade que costuma vir junto com idade, com a experiência, e também em uma época que a internet era uma novidade. Então não existia uma cultura de ‘Não leia isso, não fique indo atrás do que as pessoas estão falando e faz o teu.’ Não tinha isso por que era uma novidade muito grande.”

O guitarrista Vavo complementou:

“Aquela matéria foi muito caricata [se referindo à matéria do Fantástico sobre os emos que foi ao ar em 2003], então por exemplo, o emo tem franja, então na hora do repórter do Fantástico ir lá na galeria do Rock pegou o cara com a maior franja de todas.”

Lucas Silveira emendou:

“E tinham vários caras sem franja. Os emos do Rio de Janeiro não conseguiam sustentar uma franja, muito calor, né gente? Então assim, estereotipou muito e, principalmente, com um subtexto ali muito forte trazendo uma mensagem muito homofóbica. Era tudo assim, “Ah, banda dos caras aí que…” Aí pegou um cara lá que falou, “Eu beijo meninos e meninas”… E cara, isso quando vai para um Brasil muito profundo é um negócio que rola uma ignorância muito grande em torno disso. A ignorância só serve para ebulir um medo, um ódio, uma coisa ruim. Então uma coisa que ninguém conhecia, não é que ninguém conhecia, a molecada já estava sabendo, já era uma cena muito grande, por isso que virou uma matéria ‘comportamental’ para o Fantástico, mas para você traduzir isso para milhões de pessoas você tem que esvaziar tanto ali que as pessoas estavam fazendo, a ponto de virar assim, ‘ Ah, aquelas bandas que fazem isso, isso e isso.’ Pô, era um negócio tão diverso, tinham tantas bandas e elas eram tão diferentes, mas quando vai para uma prateleirona é normal que se esvazie muito, né?”

Indagado se o Fresno apareceu na matéria do Fantástico, Lucas disse:

“Aparecemos torando. [Risos]”

Vavo acrescentou:

“A gente era trilha sonora da matéria. Os caras de camiseta da Fresno, porque talvez a gente fosse o expoente. Cara, esse estilo musical do emo, a galera colocava tanta banda dentro do balaio, que ia desde o Forfun que era regata, bermuda e boné virado, passando pelo Fresno, até o Badauí do CPM 22, óbvio que era um espectro muito grande, tá ligado? Mas para a galera, só porque faziam shows nos mesmos lugares, ou porque eram amigos e conhecidos, tocavam nos mesmos festivais, meio que todo mundo ia para lá, e algumas pessoas se incomodavam porque não se identificavam com algumas coisas, talvez se você pegar essa matéria, por exemplo, muitas bandas não se identificavam com as coisas mostradas na matéria, e aí começava a se incomodar com este rótulo, e isso começa a virar uma coisa desagradável, uma coisa pejorativa… nessa época, 2004, 2006, 2007, isso foi muito forte.”

Assista a entrevista completa de Lucas Silveira e Gustavo Mantovani no Starling Cast e, sem seguida, veja a reportagem do fantástico sobre os emos:

Flávia Reishttps://www.begeeker.com.br/
Conteúdo feito com amor e carinho para pessoas que assim como eu, apaixonadas pelo universo geek e tem orgulho de ser geeker!

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