O apresentador e dono dos estúdios Flow, Igor 3K, concedeu uma entrevista Alt Tabet, comando por Antônio Tabet do UOL, e foi questionado sobre o polêmico episódio que ocorreu em fevereiro de 2022, quando, seu então parceiro/apresentador Monark defendeu a existência de uma partido nazista reconhecido pela lei no Brasil, durante um bate-papo ao vivo com os deputados Kim Kataguiri e Tabata Amaral. O episódio gerou uma recupercussão gigantesca, uma onda de “cancelamentos” nas redes sociais e perda de patrocinadores do maior podcast do Brasil.
Indagado sobre como lidou com toda aquela situação e o impacto da repercussão extremamente negativa para o Flow, Igor 3K respondeu:
“Um pouquinho antes, o Monark fala assim: ‘o nazismo é do mal, o nazismo é do diabo, não deveria existir’, e tudo o mais. Mas, o ponto era: se existe um partido de extrema esquerda, na opinião dele, deveria existir um partido de extrema direita; só que em vez de falar isso, ele falou ‘um partido nazista’.
Esse pedacinho virou um corte no Twitter e ali acabou a minha vida. A minha vida acabou por um período ali, de verdade. Por que imagina que no dia seguinte eu já não tinha mais nada! Eu só podia entrar no meu estúdio e fazer o programa, era só isso que eu podia fazer, porque todos os parceiros que a gente tinha foram embora. Todos! mesmo fazendo tudo o que nós fizemos, porque o Monark sai do Flow no dia 8 de fevereiro de 2022 [um dias depois do acontecimento], ao meio-dia, não tinha mais Monark no Flow.
E eu entendo a galera que ficou: ‘nossa cara, como é que você deixou isso acontecer?’ mas a gente fez tudo o que podia fazer, porque a gente tinha que fazer. Então, além de perder tudo isso no dia seguinte, no final da semana a gente perde a monetização de sete canais, o que não faz muito sentido, mas aconteceu. E isso atrapalhou a nossa vida de um jeito… e atrapalhou a minha vida muito profundamente! quando eu falo ‘nossa’, é a galera que está comigo lá hoje [a empresa].
Felizmente, naquele ano, deu para reconstruir a parte… Por que o Flow, eu tinha o objetivo de conversar com os presidenciáveis em 2022 e, no início do ano, o Jean, que é um dos caras que começou o Flow comigo e está comigo até hoje, sempre no dia 1° ele recebe uma mensagem “do além” para quem acredita… dizendo mais ou menos o tema daquele ano ali, e em 2022 era ‘desafio’. Depois ele veio me falar: ‘cara, eu achei que o desafio era de falar com os presidenciáveis.’ mas não… veio bem cedo.
E aí, quando dá toda essa merda, a reputação do meu programa vai para o chão. A única coisa que eu podia fazer era chegar lá e fazer meu programa, e tentar sobreviver procurando novos parceiros e grana no mercado, deseperadamente tentando manter aquilo ali existindo porque eu acreditava muito, acredito muito, sabe?
Então, eu trabalhei aquele ano inteiro tentando resolver um problema de reputação para que eu pudesse chegar no final do ano ou na época das eleições, conversar com os presidenciáveis. E deu tudo certo nesse sentido. Conseguimos reverter.
O que a gente carrega até hoje, de certa forma, o fato de ter sobrevivido, porque não foi barato sobreviver. Perdeu-se dinheiro, perdeu-se acesso às pessoas, perdeu-se acessos à nichos inteiros, ficaram mais difíceis de acessar, virou um estigma.”
Questionado se ele acha que houve exagero na reação do público, Igor respondeu:
“Acho que foi uma reação exagerada por que já tem três anos e meio e gente está falando disso aqui, agora.”
O Antônio Tabet interrompeu e observou:
“Mas eu acho que é porque o nazismo aconteceu há muito mais tempo, e a gente está falando disso até hoje… e quando um cara está com um microfone na mão em um lugar de extrema relevância e de alcance, e fala um negócio desse, é natural que as pessoas… né?”
Igor acrescentou:
“Eu também acho. O lance é que a gente fez tudo o que dava pra gente fazer. Foi assim: ‘Olha gente, eu não estou escurraçando o Monark. Eu só estou tendo esse problema com relação ao Monark porque a gente chegou até aqui, isso se tornou relevante’, e tudo o mais. Eu não estou escurraçando ele, mas a gente não concorda com o que ele está falando. Isso que ele falou aqui não foi endossado por mim e por ninguém que estava na mesa, inclusive. Todo mundo ficou chocado.
E assim, esse estigma ficar mesmo depois de fazer tudo o que a gente podia fazer, eu fico: ‘putz! Tá legal. O que mais eu posso fazer para te mostrar que eu não sou nazista. É complicado você ficar se defendendo, dizendo para os outros que você não é nazista. O programa é construído de um jeito que uma conversa precisa funcionar ali. E o que foi construído ali é um lugar pra gente ter uma conversa civilizada.”
Tabet perguntou a Igor se o Monark é burro, observando que sua pergunta não tinha a intenção de ofender o Monark. Veja o que Igor respondeu:
“É. Eu acho que é. Eu acho que o Monark enxerga o mundo de um jeito muito particular.
Não é que ele era burro. Ele tem um jeito peculiar de enxergar as coisas. Então ele é assim: ‘pô, eu quero que as pessoas pensem nessas possibilidades que eu estou falando.’ E isso vai virando um alvo cada vez maior na testa dele, e ele entrou numa de que ‘Não tem como eu ser cancelado.’ E acabou, acabou assim.”